Cinfães Homenageia D. António
Francisco dos Santos
(por Adão Sequeira)
-1- Hoje, 29 de agosto de 2018, D. António Francisco dos
Santos, voltou a Tendais, não para viver e conviver em saudade com sua mãe,
como sempre fazia nesta data, mas para aqui ficar em memória viva de pedra e
bronze, e sem falar, a todos lembrar o valor da bondade, da simplicidade, da
cultura e do humanismo.
Homenagear
D. António Francisco na sua terra Natal era um imperativo quase de consciência
dos seus amigos mais próximos e conterrâneos de freguesia e concelho- Tendais e
Cinfães.
A ideia
nasceu e Pe. Adriano Pereira, pároco de Tendais, agarrou-a com alma de pastor,
afeto de irmão e persistência de realizador.
No diálogo
ou silêncio deu vida à ideia e conduziu-a pelos caminhos do bom senso nas
decisões, do saber nas escolhas e da persistência na realização.
Não é a
história dos caminhos possíveis, mas o caminho definido e atingido que hoje
aqui reportamos.
A pedra e o
bronze estão aqui e aqui vão permanecer por séculos e séculos, tal como a
sombra benfazeja da sua vida durante a qual genuinamente semeou harmonia,
união, amizade, bondade e as virtudes cristãs que tanto valorizaram e
dignificaram os atos diários da sua vida
-2- Uma estátua em bronze, um pedestal em granito, a
colaboração e ação das coletividades locais, a contribuição da Junta e Câmara,
o apoio da Diocese e contributo pastoral das outras 4 dioceses onde foi
chamado, percorreu e deixou marcas, é o objetivo.
E é a cidade
do Porto, invicta e nobre, no passado como hoje, que pela Irmandade dos Clérigos, Santa Casa da Misericórdia e
Associação comercial, se constituíram em mecenas da estátua, ficando o pedestal
a expensas da Junta de Tendais e Camara de Cinfães.
A vitória
dos atos sobre as dificuldades.
Assim era
também D. António.
-3- Às 17h30 o cortejo litúrgico presidido por
Snr. D. António Couto dirige-se ao altar, erigido no espaço exterior da igreja,
qual arca da aliança que se deslocava com o povo, para celebrar o ato solene da
Santa missa que o grupo coral de Santa Cristina de Tendais com tanto rigor e
qualidade abrilhantou
À volta do
altar, com D. António Couto que presidiu, concelebraram D. Jacinto, bispo
emérito de Lamego, D. Jorge Ortiga e D. Nuno Almeida de Braga, D. António
Moiteiro da diocese de Aveiro, D. Manuel Linda, D. António Taipa, D. Pio Alves
e D. António Augusto da diocese do Porto, D. Francisco Senra Coelho de
Évora, D. António Luciano de Viseu,
muito clero de Lamego e Porto, também de Aveiro, Braga e outras dioceses e
institutos religiosos.
Ao lado e em
frente, parecia também participar D. António Francisco, presente no bronze e
preso à pedra.
No espaço
adjacente e frente ao altar, estavam os leigos, filhos da terra e outros amigos
vindos de perto e longe, sem distâncias medidas, de Évora a Paris com maior
visibilidade de Aveiro e Porto, compenetrados na dignidade dos atos, com restos
de lagrimas fugidias e muitas engolidas, vivendo ainda num sonho acordado em
que se não queria acreditar.
-4- Não há discursos em bicos de pés erguidos nem há
verbo desnecessário e inútil; tão somente ouvimos a apresentação, cumprimentos
e agradecimentos feitos pelo Snr. Pe. Adriano antes da celebração, e já no fim
da mesma as palavras sentidas e breves do Snr. Presidente da Câmara, Armando
Mourisco no momento da inauguração e bênção da estátua, tudo encerrando com a
voz de Filipe Pereira, menino de 9 anos e familiar do homenageado, que leu um
texto de D. António Francisco, inscrito no panfleto memória a todos oferecido e
que é das coisas mais belas e sentidas que alguém alguma vez escreveu e que a
todos espiritualmente nos emociona, só
de lê-lo sentidamente.
-5- Momento alto foi também a homilia de Snr. D.
António Couto, bispo de Lamego que iniciou com a profundidade bíblica e
teológica das leituras, para nos
deliciar na segunda parte com um texto diretamente dirigido a D. António
Francisco, quase questionando o Divino Criador sobre o quê e porquê
deste jovem aqui nascido indefeso, daqui partido em missão e aqui voltado
em Bronze perene para perpetuar a memória da sua mensagem, pastoral e missão.
-6- A Estátua.
Este é o
momento maior do ato visível
Elevado um
pouco acima da terra, voltado para quem vem, é ele mesmo com o seu braço direito
chamando e acolhendo quem chega e com o seu sorriso agora metálico quase a
dizer:- subi estes 4 degraus e falai comigo já que eu agora não posso descer
como sempre fazia e alegremente descia 4
e mais degraus ao encontro dos humildes, dos sem pão, dos sem voz e também dos
amigos prediletos ou «Zaqueus» à busca dum caminho.
A Estátua
com dois metros e vinte de altura e corpulência proporcional, foi colocada ao lado da Igreja matriz, não
longe dos seus altares, em base
granítica disposta em 4 patamares e ladeada por 4 quadros independentes com mensagem individual de cada uma das 4
dioceses unidas (Lamego, Braga, Aveiro e Porto), responsáveis pela mensagem
pastoral que se desejou perpetuar e onde se evoca a vida espiritual que D. António nos legou, a
nós e ao mundo, em sementes de amor, de bondade de missão e santidade.
A estátua é
uma obra de arte da autoria do Escultor Hélder Carvalho, portuense com atelier
em Gaia; o bronze é ele identificado consigo, num trabalho bem conseguido com a
cruz peitoral que usou em Tendais , meses antes nas comemorações dos 250 anos
da paróquia de Santa Cristina e a base é da autoria do Arquiteto Carlos Martins
que nos convida a caminhar até ele, em 4 patamares suaves, espaçosos e
acolhedores, permitindo a quem chega o dialogo do silêncio com ele, com a
paisagem e com as mensagens.
Após a
bênção da estátua e já depois de tudo visto e dito, individualmente e num gesto
grande, nobre e edificante, cada um dos 11 bispos presentes e todo o numeroso
clero participante depositaram uma flor no pedestal de D. António em preito de
homenagem e estima e invocando a sua proteção para as suas dioceses e
paróquias.
«Caminhar
com D. António» na busca da riqueza espiritual que ele nos legou é agora o
nosso fado, a nossa esperança e a nossa alegria.
O dia chegou
ao fim, mas não terminou nem terminará jamais esta memória, este adeus e esta interrogação:
- porque nos deixaste D. António e porque partiste sem nos avisar naquela manhã
de 11 de setembro?
Senhora
da Hora, 30 de agosto 2018
Adão
Sequeira
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