quinta-feira, 23 de setembro de 2021

A UASP REÚNE E AVALIA OS SEUS PRIMEIROS 10 ANOS DE ACTIVIDADE

 

União das Associações dos Antigos Alunos dos Seminários Portugueses

 Ainda condicionados pela pandemia, que determinou uma sessão comemorativa do 10.º aniversário da UASP via plataforma electrónica Google Meet, reuniram, em 19.09.2021, as várias associações que a integram no sentido de assinalar a data da sua fundação formal, que ocorreu em 17 de Setembro de 2011, embora a sua direcção executiva tenha estado reunida, em conjunto, no Centro Pastoral de Nossa Senhora da Piedade de Ourém, de onde o encontro foi transmitido electronicamente. 

Havia sido concedida a possibilidade de presenciar o encontro naquele Centro Pastoral a quem assim pretendesse, mas imperou a cautela e apenas dois antigos alunos estiveram presentes no local além do Presidente da Direcção, o Rev. Pe. Armindo Janeiro, o seu vice-presidente António Agostinho, estando também representado o secretariado pelo Luís Matias. 

De assinalar que das doze associações de antigos alunos que a integram, apenas a Associação dos Antigos Alunos do Seminário do Funchal não esteve representada, certamente por dificuldades de comunicação. 

Aberta a sessão, cantou-se o hino da associação, o Presidente da Direcção deu as boas-vindas, assinalou a data saudando os presentes e os ausentes, sobretudo os já falecidos, previamente a uma oração que se seguiu por todos que, de alguma forma, têm contribuído para o sucesso associativo, designadamente o dr. Amilcar Mesquita, nesta caminhada para a Vida Eterna. 

A sessão havia sido estruturada em duas partes. A primeira para reflectir sobre o passado e a segunda para projectar o futuro. 

Todos foram unânimes quanto ao sucesso da associação nestes primeiros dez anos de vida, que cumpriu exemplarmente o seu objecto fixado nos Estatutos, sendo realçado, em particular o projecto “Por Mares Dantes Navegados” que levou a UASP em Missão por terras de S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné, Angola e Madeira, lamentando-se o, por enquanto, não realizado projecto de demandar Moçambique que e pandemia Covid-19 tem adiado. Alguém dizia: - “É pelo sonho que vamos e chegamos”.

 Mas tantas outras foram as suas realizações, designadamente, fóruns, momentos culturais, concertos. Mais pormenorizadamente poderá ser consultada toda a miríade de realizações num vídeo, alojado em https://www.youtube.com/watch?v=ChL7fYzGNP4,

que revisita os caminhos percorridos, e que o Alfredo Monteiro apelidou de “bonito, excelso e cheio de coração”. 

Foi também dado enfoque à sua génese e aos autores da ideia de congregar todas as associações de antigos alunos numa organização de cúpula, após o diagnóstico feito no livro “Seminários – Da Memória à Profecia”, um projecto em que muitos colaboraram, mas a essência assentou no trabalho do Pe Armindo e na disponibilidade de Mons. Luciano Guerra. 

Em suma, acrescentou-se valor às casas que nos formaram, enfocou-se a “consciência do tempo”, citou-se Santo Agostinho, para mitigar as dificuldades esplanadas pelas associadas: “Conhece-te, aceita-te e supera-te”, recordou-se sentidamente o Pe. Rocha Monteiro, autor do hino da UASP, já falecido. 

Após uma resenha da primeira parte, enfocou-se o futuro. E se alguns ainda evidenciaram uma grande esperança, (… temos gente para a aguentar mais de quarenta anos) outros estiveram mais cépticos porque a idade não perdoa e nota-se o claro envelhecimento da maioria dos presentes, que anos a fio estão à frente dos destinos das suas associações sem se vislumbrar forma de substituição. À parte Vila Real que tem mantido rotação nos cargos dirigentes e ainda muita matéria-prima para prosseguirem fortes e coesos. 

Mesmo assim, globalmente, foi ainda manifesta a esperança de que a associação se aguente mais uns anos, bodas de prata pediam, pelo menos, alguns, até porque há ainda algumas dezenas de seminários que não têm representação na UASP e a sua inclusão poderia trazer sangue novo, mas não tem sido fácil integrá-las. Os seminários são agora diferentes, têm poucos alunos, o que leva necessariamente ao repensar a UASP rumo ao futuro. Houve quem falasse num novo 2.º Congresso, como meio de renovação. 

Não devemos renunciar ao sonho de continuar e ajudar os que mais precisam dentro de cada associação, conhecendo a situação de cada um. O desinteresse associativo nos moldes tradicionais é evidente pelo actual estilo de vida das maiorias: - Antes organizava-se tudo à volta das escolas! Hoje é à volta dos bares! 

Todos juntos seremos mais fortes, dizia o José Amorim. 

Finalmente, em jeito de conclusão quanto ao futuro rematou o Pe Armindo ter bem a consciência das dificuldades mas que não lhe trazem angústia nem falsa esperança. Ainda há caminho para andar mas foi adiantando que a renovação é essencial, por isso há que pensar bem no futuro, até porque a pandemia pode trazer consequências.

Américo Vinhais, AAACARMELITA

Gabinete de Comunicação da UASP


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

D. António Francisco dos Santos – 4 anos depois

 


D. António Francisco dos Santos – 4 anos depois

 

Um sabor a diálogo. 

Ninguém morre enquanto viverem e falarem os seus atos ou forem modelo de vida os seus exemplos.
Evocar a morte e recordar a vida é garantir a presença.
O tempo vai passando e continua vivo o «tu» da tua vida.
Como semente espalhada nas terras por onde andaste, centenas de mensagens dão ainda força a quem delas já precisou.
Numa carta de pêsames, manuscrita e bem legível, algures, numa habitação normal, lia-se:
«...ao orgulhares-te dos pais que tiveste (...) sentes o maior lenitivo para a tua saudade e ao acreditares na vida eterna encontras a melhor resposta para as tuas lágrimas».
E noutro lugar ainda:
«...a minha saudação muito amiga e fraterna acompanha a minha gratidão pela tua mensagem e votos de Natal».
Cruz ao peito, sorriso nos lábios, mão suave estendida e tu no meio da multidão, junto de crianças, entre os teus párocos ou um sem abrigo por perto.
Isto é vida ainda por aí espalhada em silêncio ruidoso. Isto és tu «D. António no teu melhor».
Cartões de aniversários, boas festas de Natal, parabéns de atos vividos ou lenitivo nas dores da vida, toda uma pastoral de alegria e esperança que continua ainda a florir nas casas aonde entraste, entre os documentos dos teus amigos, nas paróquias das tuas dioceses e nas malas de emigrantes.
Cada padre de Aveiro, Braga, Lamego ou Porto, com nome expresso, tem certamente na sua mesa ou secretária um cartão evocativo de um aniversário, de uma festa, de um evento.
Cada amigo tem com certeza também uma frase ou uma mensagem que ainda conserva.
Cada sem abrigo do Porto tem na sua memória uma memória «tua».
Cada pobre da cidade guarda ainda na alma uma esperança dum sonho que sonhou.
Os doentes conhecidos eram família tua a visitar. Sem pressa.
As mães dos teus párocos eram «irmãs da tua mãe - Donzelina».
Os Aselistas um bocado de ti mesmo.
A todos chamavas pelo seu nome e de todos conhecias um bocado de vida.
Vives e estás presente no meio disto tudo, mas não apareces desde aquele 11 de setembro.
Um sorriso em movimento numa vida sorridente continua na brisa do tempo que passa.
A leveza da tua mão no ombro de quem precisava continua ainda a pesar suavemente, a sentir-se e a manter o contágio da tua presença.
No 4º ano da partida é o «tu» dos teus que fica aqui lembrado.
Um «tu» de respeito evocativo da «tua» bondade; e também o «tu» da irmandade, da proximidade nos homens e igualdade em Deus.
O menino frágil que batizastes na IPSS Kastelo está bem e o Covid não entrou lá. Dizem que entregaram a ti a sua proteção.
Eu não sei o que dizer nem escrever, mas tenho dificuldade ficar em silêncio no silêncio do tempo.
Fala-se na tua bondade e santidade. Eu acrescento: a tua competência pastoral, o teu carinho aos teus párocos, a tua dignidade humana, o teu humanismo social, a tua visão comunitária e o teu carisma solidário.
Há por aí «livros, teses, estátuas, bustos, quadros, pinturas, prémios, salas, ruas, avenidas, rotundas e até brevemente pontes» com o teu nome. Isso é bom.
Restos de vida dum tempo que foi.
E se nalgum tempo futuro os homens de ti não falarem, serão então as coisas a levantar a sua voz.
Ainda se fala que «a Alegria do Evangelho é a Nossa Missão» e que «os pobres não podem esperar».
Na campa do teu sepulcro um ramo de flores naturais e bonitas continua diariamente fresco como fresco e belo era o teu convívio e reconfortantes as tuas palavras.
A Sé do Porto que foi tua está em obras e a diocese está bem.
O teu Seminário de Lamego está em reestruturação.
Cinfães que tanto divulgaste continua a lembrar-te.
Aveiro deu-te uma avenida e guarda a tua memória.
Hoje estou a escrever-te aqui de Fátima. É para o dia 11.
É meia noite e pouco, já domingo, 29 de agosto, (fazias anos), e dei comigo a recordar, como se fosse ontem, o 13 de maio de 1967 quando aqui vieste pela 1ª vez (e eu também) no cinquentenário da aparições, e o 9 de setembro de 2017 no centenário das mesmas, (onde nos cumprimentamos) e em que tu, sem avisares aqui te despediste.
Entregaste a tua diocese e o seu povo à «Mãe» e partiste. Não deixaste órfãos.
É suave continuar viagem contigo, mesmo que sigas na outra rua ao lado.
Estas as notícias que tinha para te dar e aqui tas deixo.

                                                                                                Adão Sequeira