terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Um retrato da Diocese de Lamego

Um retrato da Diocese de Lamego

Padre Paulo Alves, Diretor do Centro de Estudos Sócio-pastorais

A Diocese de Lamego, cuja fundação, na referência mais remota, é assinalada no ano de 570, pertence maioritariamente ao distrito de Viseu, integra atualmente 14 concelhos (dois destes concelhos pertencem ao distrito da Guarda) e distribui-se por 223 paróquias da margem a sul do Douro, numa área de aproximadamente 2.900 Km2, entre as confluências dos rios Douro, Coa e Paiva. O espaço diocesano integra grande parte da região do Douro, património da humanidade, sendo a agricultura e a vitivinicultura as atividades predominantes.
Num estudo comparativo, com base nos resultados disponibilizados pelos Censos de 2001 e 2011, verificamos que a população total da Diocese diminuiu acima dos 10% na última década, contando atualmente com 134 722 recenseados. A densidade populacional distribui-se entre os concelhos de Lamego (26 691) e Penedono (2952), as freguesias de Almacave (8770) e de Bigorne (46), sendo que 12 paróquias (5%) têm menos de 100 pessoas residentes e 145 paróquias (65%) contam com menos de 500 recenseados. Esta realidade tem vindo a avolumar as dificuldades que emergem da falta de população nas comunidades paroquiais, ao mesmo tempo que proporciona oportunidades mais favoráveis à ação pastoral centrada na pessoa. A faixa etária dominante é a dos 25-64 anos, seguindo-se a dos 65 e mais anos. A análise das mudanças ocorridas nos últimos 10 anos permite-nos verificar que o número de edifícios e alojamentos aumentou no espaço diocesano, enquanto o número de famílias diminuiu.
A reorganização da rede escolar conduziu à extinção de inúmeras escolas do 1.º ciclo, situadas em quase todas as freguesias, e à criação de centros escolares, que em alguns casos tendem a vir a acolher toda a população estudantil do concelho. No contexto desta realidade, tem-se refletido sobre a oportunidade da formação catequética avançar para modelos supraparoquiais. Atendendo ao elevado interesse das crianças e adolescentes em frequentar a catequese, confrontados com as dificuldades em formar grupos com número razoável, assim como a dificuldade de dispor de agentes preparados para esta missão, tem-se concluído sobre a conveniência da criação de estruturas arciprestais que proporcionem uma resposta qualitativamente mais adequada. 
Encontram-se incardinados na Diocese de Lamego 149 sacerdotes. Destes 102 exercem como párocos, 21 encontram-se fora do espaço diocesano, 13 estão jubilados mas ainda com alguma atividade pastoral, 5 estão jubilados sem que exerçam qualquer atividade pastoral, 5 servem nos seminários diocesanos e 3 estão afetos aos serviços diocesanos. Dos 110 sacerdotes que exercem como párocos, cerca de 38% tem entre 25 e 45 anos, 35% tem entre 46 e 65 anos e 27% tem entre 66 e 87 anos. Existem na diocese 10 equipas sacerdotais in solidum, enquanto 7 sacerdotes lecionam no Instituto Superior de Teologia – Viseu, 23 sacerdotes lecionam EMRC e 10 sacerdotes lecionam noutras áreas do saber. Nos últimos 10 anos foram ordenados 28 sacerdotes diocesanos. Estão incardinados na diocese 2 diáconos permanentes, sendo que um deles está atualmente ao serviço da diocese de Aveiro. No Seminário Menor encontram-se 17 seminaristas e no Seminário Maior 10 seminaristas e um diácono em ordem ao presbiterado. Relativamente às estruturas físicas de apoio, cerca de 29% das 223 paróquias têm residência paroquial que está habitada, 27% têm residências que foram readaptadas para outras funções de serviço à evangelização, 20% têm residências devolutas e 24% não possuem residência paroquial.
Na Diocese encontram-se 9 institutos religiosos femininos e 2 institutos religiosos masculinos. Nos últimos anos veio a acentuar-se a tendência para o encerramento de alguns destes institutos, apontando-se como razão dominante a necessidade de reorganização interna dos mesmos em virtude do vasto campo de missão e da míngua de vocações. Em sentido contrário tem crescido o número de instituições paroquiais de ação sociocaritativa, contando-se neste momento cerca de 40, na sua maioria centros sociais paroquiais/lares. Estas instituições são uma referência destacada no espaço paroquial e assumem-se como novos polos de dinamismo eclesial. Neste sentido, assinala-se a vitalidade e o empenhamento de vários movimentos de apostolado e evangelização: os Secretariados Diocesanos da infância, da adolescência, da juventude e das vocações, Escuteiros, Convívios Fraternos, Obra Kolping, Ação Católica Rural, Movimento da Mensagem de Fátima, Cursistas, Equipas de Nossa Senhora, Jovens sem Fronteiras, Conferência de S. Vicente de Paulo…
No respeitante à prática sacramental, a análise do número de registo de batismos, de 1980 até ao presente, mostra-nos uma diminuição de cerca de 50%, acompanhando a curva descendente da natalidade, esta em nada beneficiada pelo recente encerramento da única maternidade que existia em todo o espaço diocesano (Hospital de Lamego). A matriz cristã desta diocese faz com que a participação na eucaristia dominical seja bastante significativa, assim como a mobilização para as celebrações litúrgicas anuais e para as celebrações afetas a centros de espiritualidade mariana (Senhora dos Remédios, Senhora da Lapa, Senhora de Cárquere) e de piedade mais popular (Santa Helena, Senhor dos Enfermos, Santa Eufémia, São Domingos…). O estudo dos últimos 10 anos, permite-nos verificar que, em cerca de 40% das 223 paróquias, encontramos uma média igual ou inferior a dois matrimónios por ano, em 32% das paróquias encontramos uma média igual ou inferior a 5 matrimónios por ano e em cerca de 28% das paróquias encontramos uma média superior a 5 matrimónios por ano. Não encontramos variância significativa no número de celebrações fúnebres desde 1980 até ao presente.
Padre Paulo Alves, Diretor do Centro de Estudos Sócio-pastorais


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