quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ordenação Sacerdotal em Lamego



No dia 1 de julho, domingo, pelas 16 horas, na Sé catedral, será ordenado sacerdote Ricardo Jorge Ribeiro Barroco, pelo nosso bispo D. António Couto. Estamos todos convidados a participar em mais uma dádiva sacerdotal que é oferecida à Diocese de Lamego.

Ricardo Jorge Ribeiro Barroco, natural da paróquia de Penude, cresceu cristã e vocacionalmente na paróquia de S. Tiago de Magueija, em Lamego. Ao longo do ano exerceu o seu estágio pastoral, como diácono, nas paróquias que estão ao cuidado do P. Amadeu Castro e P. Filipe Mendes em S. João da Pesqueira, Trevões, Várzea de Trevões, Castanheiro do Sul, Espinhosa, Valença do Douro e Desejosa.

Segue o testemunho do Diácono Ricardo:


Põe o Coração em tudo o que fizeres” (Cf. Col 3,23)
  No meio do mundo percebemo-nos frequentemente como demasiado pequenos e as nossas acções, por mais esforçadas que sejam, acabam constantemente por se revelarem passageiras. No fundo, parece que a nossa vida acaba sempre por desaguar num mar de nada devido à pequenez da nossa existência. Porém, algo se transforma em nós quando ouvimos Jesus explicar, numa das suas parábolas, a que se compara o Reino de Deus: à levedura! Jesus compara o Reino de Deus a um pouco de fermento que uma mulher coloca na massa do pão, bastando não mais que uma pequeníssima quantidade para fazer a massa levantar, transformar, modificar! (Mt 13, 33; Lc 13, 20-21). Este talvez seja o espírito que deve animar a quem se candidata, nos dias de hoje, ao ministério ordenado. 
    No meio de uma sociedade repleta das mais variadíssimas opções, onde o sacerdócio parece muitas vezes deslocado, aprendemos que este tem um aspecto incompreensível para aquela porque possui um carácter de perenidade. De uma alegria perene, que nunca acaba, porque centrada na raiz da própria Alegria. E, desta forma, vamos percebendo que o fermento que o sacerdócio deve representar, dentro das comunidades a que serve, deve estar sobre o sinal da Alegria, daquela que não tem fim. Ser fermento de alegria é possivelmente das ideias que mais podem conduzir alguém a aceitar um chamamento, uma vocação a que Deus sempre convoca, mas algumas vezes de uma forma tão particular como o sacerdócio ordenado. 
    Natural e  baptizado na comunidade de Penude, cedo fui viver para terras de Magueija. Pelas mãos do saudoso Rev. Padre Brás entrei no Seminário Nossa Senhora de Lourdes em Resende, para o 7º ano de escolaridade. Terminado o 12º ano, decidi ingressar no Seminário Maior de Lamego. E na vida damo-nos conta de que nada está decidido enquanto somos capaz de pensar a mudança. No final do terceiro ano em Lamego dou-me conta que a incerteza da vocação é demasiado grande para poder continuar. Interrompo o percurso em Lamego, continuando, porém, o curso teológico-filosófico na Universidade Católica Portuguesa. O qual terminei com a defesa da dissertação  sobre o existencialismo sartriano e a teologia da Esperança. Trabalhei e entrei ainda para a Faculdade de Economia e Gestão da UCP, mestrado de Gestão - o qual não cheguei a terminar porque se sente tantas vezes que o que fazemos não é o que fomos chamados a fazer. Reingresso no Seminário Maior de Lamego para o último ano, realizando o estágio pastoral nas paróquias ao cuidado do rev. Padre Ponciano dos Santos: Freixo de Numão, Murça, Seixas e Touça do arciprestado de Foz Côa. Um estágio bastante rico e importante.
    Em Outubro de 2011 inicio o meu estágio final nas paróquias ao cuidado dos reverendos padre Amadeu Castro e padre Filipe Pereira: S. João da Pesqueira, Trevões, Castanheiro do Sul, Espinhosa, Pereiro, Nagoselo, Soutelo, Espinho e Várzea de Trevões. A estas ainda se juntaram Valença do Douro, Desejosa, bem como durante meio ano as paróquias de Ervedosa do Douro, Casais e Sarzedinho enquanto o rev. Padre Luís Seixeira esteve em missão no Kosovo. A cada uma delas vai um agradecimento muito especial pela forma como me foram ensinando que o sacerdócio deve ser realmente aquele pedacinho de fermento. Isto numa terra onde o trabalho, apesar  de constante, é realizado de uma maneira inacreditavelmente faseada: pedaço a pedaço. As gentes durienses estão num trabalho hercúleo de moldar e transformar as próprias montanhas que as cercam. E isto é feito com uma parcelazinha de alegria que continua sem desanimar perante a imensidão do espaço. Cada um deles assumiu-se autenticamente como o pedacinho de levedura dentro de uma massa que é incomensuravelmente maior. E a beleza do que é feito vai aparecendo gradualmente, crescendo e mostrando ao mundo a beleza da dedicação e da alegria que não desiste. Este é um ensinamento que presenciei durante dias e dias, e que jamais esquecerei.
    São Paulo, na sua carta aos Colossenses, adverte-nos para que tudo aquilo que fizermos o façamos de todo o coração (cf. Col 3, 23). A felicidade está realmente em colocar todo o nosso ser à disposição de sermos felizes. Muitas vezes desejamos ser felizes, todavia a nossa procura diária está precisamente nos antípodas. A certeza de um Deus  que olha para cada um de nós com uma face risonha dá-nos a força necessária para que no”tudo” possamos colocar o nosso “todo“.  E esse “tudo” é sempre a comunidade dos Seus filhos, o Próximo de que nos fala invariavelmente o próprio Cristo.  Colocar o coração em tudo o que se faça, de modo a que possamos ser fermento de Alegria no meio do mundo é, sem sombra de dúvida, o grande imperativo do sacerdócio e a grande disposição da autêntica comunidade cristã.

Diác. Ricardo Barroco 

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