terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Conclave: Segredo e rituais próprios Sucessor de Bento XVI será 266.º Papa da Igreja Católica e tem de ser eleito por maioria de dois terços


Lisboa, 12 fev 2013 (Ecclesia) – A renúncia de Bento XVI ao pontificado, anunciada segunda-feira no Vaticano, vai levar os cardeais da Igreja Católica com menos de 80 anos a elegerem um novo Papa, processo marcado por rituais próprios.
O próximo conclave vai iniciar-se após 28 de fevereiro, em data a definir pelas congregações de cardeais, com os eleitores a tomarem Deus e os Evangelhos como sua testemunha num juramento de “segredo absoluto” sobre todos os procedimentos que irão ter lugar na Capela Sistina, do Vaticano.
Dos 117 cardeais em causa, 50 participaram no conclave de 2005 que elegeu Bento XVI; os outros 67 foram criados pelo Papa cessante.

Todo o processo está previsto ao pormenor na Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis”, assinada por João Paulo II em 1996.
Após a ordem “Extra Omnes” (todos fora), dada às pessoas estranhas ao conclave, os Cardeais encontram-se a sós, na Capela Sistina, com os seus pares; todos os meios de comunicação com o exterior são proibidos.
Nos conclaves de séculos anteriores, os cardeais ficavam alojados na própria capela, mas João Paulo II quis melhorar as condições e mandou construir a Casa de Santa Marta, no complexo do Vaticano: os cardeais continuam a estar submetidos à interdição de qualquer contacto com o exterior, mas não ficam encerrados num único local.
Desde as primeiras assembleias cristãs romanas aos cardeais, em 1179, a eleição de um novo Papa aconteceu quase sempre em Roma e, desde 1492, na Capela Sistina.
Nem todos os conclaves, contudo, tiveram lugar no Vaticano: cinco aconteceram no Quirinal, atual palácio da presidência da República Italiana; 16 decorreram noutras cidades italianas e sete em França.
Os conclaves do século XX tiveram uma duração sempre inferior a cinco dias e 14 votações; Bento XVI foi eleito ao segundo dia do conclave de abril de 2005, após três sessões de escrutínios.
A votação acontece com o preenchimento de um boletim retangular, que apenas traz impressa a menção "Eligo in Summum Pontificem" (elejo como Sumo Pontífice) na parte superior.
O boletim é dobrado e é levado para diante do altar, onde está colocada uma urna em cima de uma mesa, com três cardeais escrutinadores, escolhidos por sorteio.
Os cardeais eleitores pronunciam o juramento: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”.
Outros três cardeais têm a missão de recolher os votos dos prelados doentes e existem ainda ainda três revisores.
Se as votações não tiverem êxito, após um período máximo de 9 dias de escrutínios e “pausas de oração e livre colóquio” descrito na Constituição Apostólica, os eleitores serão convidados pelo cardeal camerlengo (D. Tarcisio Bertone) a darem a sua opinião sobre o modo de proceder.
O documento de João Paulo II abria a hipótese de a eleição ser feita “com a maioria absoluta dos sufrágios”, situação que foi revogada por Bento XVI em 2007.
Depois de cada sessão, as fichas dos votos e “os escritos de qualquer espécie relacionados com o resultado de cada escrutínio” são queimados com uma mistura de químicos: se o fumo que sai da chaminé da Capela Sistina for negro, significa que não houve acordo entre os Cardeais; se for branco, que foi escolhido o novo Papa.
Compete ao novo eleito responder a duas questões do cardeal Decano: ''Acceptasne eletionem de te canonice factam in Summum Pontificem?” (aceitas a tua eleição, canonicamente feita, para Sumo Pontífice?) e ''Quo nomine vis vocari? (Como queres ser chamado?), naquele que é o último ato formal do Conclave.
O novo pontífice é acompanhado à chamada 'sala das lágrimas' para envergar pela primeira vez os paramentos papais - disponíveis em três medidas.
Após a escolha do nome, um a um os cardeais prestam homenagem e apresentam a sua obediência ao novo Papa.
O anúncio é feito, em seguida, aos fiéis, desde o balcão central da Basílica de São Pedro, pelo cardeal protodiácono (D. Jean-Louis Tauran): "Habemus Papam”.
OC

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