terça-feira, 19 de março de 2013

Dez gestos inesperados de um Papa supreendente


Francisco, o Papa, não tem só no nome uma grande e inesperada originalidade. Em muitos dos seus gestos vem provando ser radicalmente
diferente de outros Papas e, sobretudo, muito informal e com um grande à-vontade.

Alguns apontam-lhe um minimalismo cheio de profundidade. E quem o conhece
diz que ele é mesmo assim. Já quando era o cardeal Bergoglio se sentia
mortificado com qualquer pompa e circunstância.

Simples, humilde, descontraído, espontâneo. Assim é o Papa Francisco.

*1. Não me venham ver a Roma. Usem com os pobres o dinheiro que gastariam
*Na noite em que foi eleito, o novo Papa ligou ao núncio apostólico em
Buenos Aires para lhe pedir que comunicasse aos bispos, e estes depois aos
fiéis argentinos, que não se deslocassem a Roma para a inauguração do
Pontificado no próximo dia 19. Sugeriu antes que o dinheiro das viagens
fosse canalizado para os pobres, em gestos de solidariedade e caridade.

Quem conhece o Papa diz que esta não é uma atitude extraordinária nele, é
antes natural no seu comportamento, faz parte do seu estilo. O Papa
obviamente não quer impedir os argentinos de vir a Roma, mas prefere
aconselhá-los a mostrar o seu carinho de uma outra forma.

Já em Fevereiro de 2001, quando foi feito cardeal por João Paulo II, Jorge
Mario Bergoglio tinha pedido exactamente o mesmo aos católicos que
gostariam de o acompanhar. Resultado: o então cardeal argentino tinha uma
das mais pequenas delegações presentes nesse consistório.

*2. Posso sentar-me?
*Ainda alojado na Casa de Santa Marta, enquanto o apartamento Papal é
preparado, toma as refeições com os outros cardeais. Quando chega mais
tarde, simplesmente procura um lugar livre numa mesa para se sentar, tal
como todos os outros.

*3. Eu vou de autocarro
*Depois de ter saudado o povo na varanda da basílica de São Pedro, já como
Papa Francisco, recusa o carro oficial. O cardeal Timothy Dolan descreve
assim esse momento à cadeia de televisão americana CBS: "Há cinco ou seis
autocarros para levar os cardeais de volta à Casa Santa Marta. Via ali o
carro do Santo Padre e a escolta, a segurança, as motas. Pensei que tudo
tinha voltado à normalidade, que o carro do Papa teria voltado ao serviço.
Nós fomos de autocarro. Outros cardeais esperaram para saudar o Papa. E
quando chega o último autocarro, adivinhem quem desce? O Papa Francisco. E
imagino-o a dizer ao motorista: 'Sem problemas, eu vou com os rapazes de
autocarro'".

Esta sexta-feira de manhã, depois da audiência, voltou a seguir de
autocarro, com todos os outros cardeais, como provam as fotografias tirada
no interior do veículo.

Também quando saiu pela primeira vez do Vaticano, esta quinta-feira, para
se deslocar à Basílica de Santa Maria Maior, dispensou a segurança apertada
e o aparato de viaturas habitual. Não quis uma comitiva e seguiu num carro
simples, preterindo o que é disponibilizado pela gendarmeria, a polícia do
Vaticano.

*4. Queria pagar a conta, por favor
*No regresso ao Vaticano depois da sua primeira iniciativa como Papa -
rezar a Nossa Senhora - quis fazer uma paragem no caminho. Foi à Casa do
Clero, onde esteve hospedado, para ir buscar as suas malas e pagar a conta.
Segundo o porta-voz do Vaticano, queria dar o exemplo daquilo que todos os
padres e cardeais devem fazer.

*5. Como está a sua família?
*Uma vez na Casa do Clero fez questão de cumprimentar todos os
funcionários. Este é o sítio onde costuma estar hospedado sempre que vem a
Roma, por isso ali conhece as pessoas há vários anos. Quem assistiu ao
momento descreve-o como muito comovente. O Papa Francisco lembrava-se dos
nomes de cada um e a todos foi perguntando pelas suas famílias e situações
pessoais.

*6. Um abraço e dois beijos
*No encontro com todos os cardeais, esta sexta-feira de manhã, foi muito
caloroso, afectuoso e, sobretudo, descontraído. A certa altura tropeçou nos
degraus da Sala Clementina, mas continuou tranquilamente a audiência, sem
parecer incomodado com o percalço.

Os cardeais alinhavam-se em fila para o cumprimentar, mas, no caso dos
cardeais da China e do Vietname, foi o Papa que lhes beijou os anéis, em
sinal de respeito pelo sofrimento dos católicos naqueles países. Abraçou
também alguns cardeais e cumprimentou a maioria com dois beijos.

Quando o cardeal sul-africano Napier lhe ofereceu uma pulseira de borracha
amarela e verde, de uma campanha da Igreja daquele país, colocou-a de
imediato no pulso direito. Aceitou tirar uma fotografia com D. José
Policarpo, o Patriarca de Lisboa, e outros dois cardeais.

*7. Que Deus vos perdoe por me terem escolhido
*Também junto dos cardeais, a quem chama "irmãos" e aos quais se refere
como "uma comunidade baseada na amizade", brinda nestes termos depois da
eleição, ao jantar: "Que Deus vos perdoe pelo que fizeram".

*8. Dispenso o ouro e os sapatos vermelhos
*Continua a usar os sapatos pretos que trouxe de casa, não adoptou o
calçado vermelho habitual e disponível no seu tamanho no momento em que se
preparou para aparecer vestido de branco depois da eleição. Continua a
utilizar a cruz simples de metal que usava ainda antes de ser bispo,
recusou a cruz de ouro e pedras preciosas.

*9. Improviso
*Em todos os momentos públicos em que falou, improvisou sempre. Improvisou
na primeira homilia, na Capela Sistina. Uma homilia muito simples,
acessível e em italiano, ao contrário de Bento XVI, que fez a sua em latim.
E de pé, no ambão, não na cadeira Papal. Voltou a improvisar na homilia da
missa desta manhã, na Capela de Santa Marta, e no encontro com os cardeais.

*10. Curvo-me perante a vossa oração
*Logo quando é anunciado como Papa e aparece perante os fiéis na Praça de
São Pedro, começa por dar alguns sinais de que o seu comportamento não será
igual ao de outros chefes da Igreja Católica. Não usou a capa vermelha dos
pontífices e estava simplesmente de branco, tal como São Pio V, o Papa
dominicano que não quis trocar o hábito branco da sua ordem e assim deu
início à tradição das vestes brancas papais.

Quis ter ao seu lado o cardeal vigário de Roma na varanda, algo inédito,
não falou formalmente em latim. Também de forma original, pediu que
rezassem por ele enquanto se inclinava perante a multidão. Pôs toda a gente
a rezar as orações primárias da Igreja: um Pai Nosso, uma Ave Maria e um
Glória

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