sábado, 9 de setembro de 2023

D.António Francisco dos Santos -Em Memória

 

 


 Caríssimos ASELISTAS,

         A propósito do 6º aniversário da morte do nosso saudoso D. António Francisco dos Santos, recebemos do Nosso Associado  e membro do Conselho Consultivo, Ex.mo Sr. Dr. Adão Pereira Sequeira da Fonseca, o artigo “in memoriam “ por ele escrito e que, a seguir, temos muito prazer em o transcrever.                                                                                          Embora já publicado na “ Voz de Lamego “ na sua edição de 06-Setembro de 2023 e noutros  Jornais regionais, não podíamos deixar de o publicar no Nosso Blogue, agradecendo   ao Dr. Adão a gentileza que teve ao fazê-lo chegar até  nós.

O Presidente da Direção,                                                                                                            Luis de Sousa Ferreira

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D. António Francisco dos Santos

-Em Memória-

                                                                                                         Adão Sequeira

 

-1- Tal como a sua vida não acabou há 6 anos, (11-09-2017), também o seu

tempo, aos 75 anos, não acabaria em 2023, se a sua vida tivesse continuado.

Os atos, a vida, o exemplo, o sorriso e a bondade permanecem para além do

tempo da vida ativa ou do dia da partida.

D. António continua hoje como continuaria também, certamente, quaisquer

que tivessem sido as circunstâncias da sua vida.

Nos rastos da sua passagem ficou sempre o restolho verde e macio que não

secou ainda...nem secará facilmente jamais.

Fartou-se de agradecer e engrandecer o seu clero.

Fartou-se de agradecer aos seus colaboradores, aos estudantes, aos

seminaristas, aos jovens, às associações, aos consagrados, aos grupos

pastorais, às equipas nomeadas, ... e por em relevo a sua disponibilidade e

contribuição na vida pastoral e responsabilidades diocesanas.

Admirou os autarcas, agradeceu às escolas, conviveu com o desporto.

-2- Mas a marca distinta e a suave luz da sua vida foram «os pobres, os sem

abrigo, os sem pão, os sem voz, os presos, os sem emprego, os humildes ou

doentes a quem na sua despedida em Aveiro pediu perdão por não estar junto

deles quanto devia, por não conseguir o pão que desejavam, o emprego que

precisavam e a dignidade que mereciam», mágoa sentida e pronunciada em

voz forte e segura na sua despedida em 2014.

«Os pobres estão primeiro» foi também o alerta que fez ecoar na sua

chegada ao Porto e ficou a soar, sem fim, pelas ruas e subúrbios da cidade,

concelhos do distrito e vigarias da diocese.

E se os discursos passaram e a homilias esqueceram, «o perdão» pedido aos

pobres e «os pobres estão primeiro» marcou o seu presente e deu vida ao seu

futuro.

Foi uma verdadeira mudança de paradigma pastoral.

Estas letras que deram estas palavras são o caminho da memória e a voz

humilde dos que desejando ainda falar não o conseguem fazer.

Tantos ainda no silêncio a «caminhar com D. António» e ninguém os vê andar.

Tantos a dizer D. António, D. António e ninguém pega nas suas palavras.

Esta é a sua voz, a voz dos que ninguém ouve, porque não dá nome, nem lucro

nem vantagem.

São os testemunhos anónimos outrora aqui citados, são as recordações de

outros que sorriem e falam quando alguém traz o seu nome à fala, são as frases

 que voam ainda no espaço do silêncio que fazem memória e aguentam a

história:

-«reduziu a distância entre nós e Deus», dizem uns;

-«a sua vida também se lê sem letras», escreveu outro;

-«o seu presente é sempre o hoje», lembra um terceiro.

-3- O calendário de Deus é diferente do nosso. «Irás aonde eu te mandar», (diz

o Profeta Jeremias). E foi.

Sem repetir o passado nem evocar a utopia, saibamos que o passado também

é presente e os nomes da bondade vivem e permanecem longamente.

A caminhar connosco, continua vivo e a repetir-nos : «nascemos para a alegria,

vivamos nela alegremente». Um lema de vida.

E se ou quando, no futuro e nesta data, ninguém quiser já lembrar seu nome e

seus atos, então serão as pedras de algumas Estradas, os nomes de algumas

Ruas, as curvas de algumas Rotundas, o nome de alguns Lares, os painéis de

algumas Pontes, os placards de algumas Bibliotecas a dizer e a lembrar, a falar

e a repetir : D. António Francisco, D. António Francisco.                  

                                                                    (Senhora da Hora, 30 de agosto 2023)



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