A propósito do 6º aniversário da morte do nosso saudoso D. António Francisco dos Santos, recebemos do Nosso Associado e membro do Conselho Consultivo, Ex.mo Sr. Dr. Adão Pereira Sequeira da Fonseca, o artigo “in memoriam “ por ele escrito e que, a seguir, temos muito prazer em o transcrever. Embora já publicado na “ Voz de Lamego “ na sua edição de 06-Setembro de 2023 e noutros Jornais regionais, não podíamos deixar de o publicar no Nosso Blogue, agradecendo ao Dr. Adão a gentileza que teve ao fazê-lo chegar até nós.
O Presidente da Direção, Luis de Sousa Ferreira
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D.
António Francisco dos Santos
-Em
Memória-
Adão Sequeira
-1- Tal como a sua vida
não acabou há 6 anos, (11-09-2017), também o seu
tempo, aos 75 anos, não
acabaria em 2023, se a sua vida tivesse continuado.
Os atos, a vida, o exemplo, o
sorriso e a bondade permanecem para além do
tempo da vida ativa ou do dia
da partida.
D. António continua hoje como
continuaria também, certamente, quaisquer
que tivessem sido as
circunstâncias da sua vida.
Nos rastos da sua passagem
ficou sempre o restolho verde e macio que não
secou ainda...nem secará
facilmente jamais.
Fartou-se de agradecer e
engrandecer o seu clero.
Fartou-se de agradecer aos
seus colaboradores, aos estudantes, aos
seminaristas, aos jovens, às
associações, aos consagrados, aos grupos
pastorais, às equipas
nomeadas, ... e por em relevo a sua disponibilidade e
contribuição na vida pastoral
e responsabilidades diocesanas.
Admirou os autarcas, agradeceu
às escolas, conviveu com o desporto.
-2- Mas a marca distinta e a
suave luz da sua vida foram «os pobres, os sem
abrigo, os sem pão, os sem
voz, os presos, os sem emprego, os humildes ou
doentes a quem na sua
despedida em Aveiro pediu perdão por não estar junto
deles quanto devia, por não
conseguir o pão que desejavam, o emprego que
precisavam e a dignidade que
mereciam», mágoa sentida e pronunciada em
voz forte e segura na sua
despedida em 2014.
«Os pobres estão primeiro» foi
também o alerta que fez ecoar na sua
chegada ao Porto e ficou a
soar, sem fim, pelas ruas e subúrbios da cidade,
concelhos do distrito e
vigarias da diocese.
E se os discursos passaram e a
homilias esqueceram, «o perdão» pedido aos
pobres e «os pobres estão
primeiro» marcou o seu presente e deu vida ao seu
futuro.
Foi uma verdadeira mudança de
paradigma pastoral.
Estas letras que
deram estas palavras são o caminho da memória e a voz
humilde dos que desejando
ainda falar não o conseguem fazer.
Tantos ainda no silêncio a
«caminhar com D. António» e ninguém os vê andar.
Tantos a dizer D. António, D.
António e ninguém pega nas suas palavras.
Esta é a sua voz, a voz dos
que ninguém ouve, porque não dá nome, nem lucro
nem vantagem.
São os testemunhos
anónimos outrora aqui citados, são as recordações de
outros que sorriem e falam
quando alguém traz o seu nome à fala, são as frases
história:
-«reduziu a distância entre
nós e Deus», dizem uns;
-«a sua vida também se lê sem
letras», escreveu outro;
-«o seu presente é sempre o
hoje», lembra um terceiro.
-3- O calendário de
Deus é diferente do nosso. «Irás aonde eu te mandar», (diz
o Profeta Jeremias). E foi.
Sem repetir o passado nem
evocar a utopia, saibamos que o passado também
é presente e os nomes da
bondade vivem e permanecem longamente.
A caminhar connosco, continua
vivo e a repetir-nos : «nascemos para a alegria,
vivamos nela alegremente». Um
lema de vida.
E se ou quando, no futuro e
nesta data, ninguém quiser já lembrar seu nome e
seus atos, então serão as
pedras de algumas Estradas, os nomes de algumas
Ruas, as curvas de algumas
Rotundas, o nome de alguns Lares, os painéis de
algumas Pontes, os placards de
algumas Bibliotecas a dizer e a lembrar, a falar
e a repetir : D. António Francisco, D. António Francisco.
(Senhora da Hora, 30 de agosto 2023)
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